As fases do desenvolvimento infantil – Jean Piaget

A conduta humana organiza-se em esquemas de ações ou de representações adquiridos, elaborados pelo indivíduo a partir de sua experiência individual, que podem coordenar-se variavelmente em função de uma meta intencional e formar estruturas de conhecimento de diferentes níveis. A função que integra essas estruturas e sua mudança é a inteligência.

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A Inteligência é definida por dois aspectos:

Organização: forma determinada de organização do conhecimento. Exemplo: não pensamos em como caminhamos, simplesmente caminhamos, ou seja, tenho uma estrutura conhecido, a ação é o plano representativo deste esquema

Adaptação: realiza-se através da assimilação e acomodação.

Assimilação e Acomodação

Assimilação: transforma o objeto de conhecimento de acordo com o que temos construído. Exemplo: comer maçã o organismo absorve, faz parte dele.

Acomodação: adaptar-se ao objeto de conhecimento através do sujeito. O sujeito se transforma para acomodar o objeto. Exemplo: a criança difere que existem vários tipos de cães, pequeno, grande, feroz, amigo.

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Estágio Sensório-Motor (0-2 anos)

Desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre ações, início de diferenciação entre o próprio corpo e os objetos; aos 18 meses, mais ou menos, constituição da função simbólica(capacidade de representar um significado a partir de um significante). No estágio sensório-motor o campo da inteligência aplica-se a situações e ações concretas.

Subestágios do estágio sensório-motor:
Subestágio 1(0-1 meses);
Subestágio 2(1-4 meses);
Subestágio 3(4-8 meses);
Subestágio 4(8-12 meses);
Subestágio 5(12-18 meses);
Subestágio 6(18-24 meses).

Reação Circular

Segmento de conduta que o bebê associa a uma conseqüência que tenta reproduzir repetindo tal conduta. O resultado deste exercício é o fortalecimento do esquema motor, que tenderá a conservar-se e a aperfeiçoar-se.

Reações Circulares primárias: são esquemas simples, descobertos fortuitamente pelo bebê e circunscritos a seu próprio corpo. Exemplo: chupar a mão;

Reações Circulares secundárias: são coordenações de esquemas simples cujas conseqüências são inicialmente casuais. Ao contrário das primeiras, os efeitos associados à conduta ocorrem não mais no próprio corpo, senão no meio físico ou social. Exemplo: adulto tamborilar os dedos sobre a mesa, o bebê se agita e o adulto entende que deve repetir o ato.

Reações Circulares terciária: resultam da coordenação flexível de esquemas secundários, experimentando novos meios que levam a um efeito desejado, servem para “ver o que acontece”. Exemplo: a criança usa um objeto para lançar outro.

Subestágio 1 (0-1 meses)

O exercício dos reflexos inatos

O bebê relaciona-se com o mundo através dos sentidos e da ação. Os reflexos inatos proporcionam-lhe um repertório mínimo de condutas, mas que é suficiente para sobreviver.

A conduta reflexiva é desencadeada quando ocorre uma determinada estimulação. Exemplo:sucção.

Este estágio é caracterizado pela repetição dos esquemas motores inatos.

O processo fundamental na adaptação é a assimilação: a experiência derivada do exercício do reflexo permite ao recém-nascido adaptar-se a novas condições de estímulo repetindo assimiladoramente o mesmo esquema de ação; ou seja, reagindo de modo semelhante a ambas, a assimilação nova à anterior.

A Assimilação apresenta 3 aspectos:

Repetição: assimilação funcional ou reprodutora, que assimila o objeto à função. Exemplo: suga o mamilo sempre que este é aproximado;

Generalização: assimilação extensiva a objetos novos e variados. Exemplo: suga todo objeto colocado próximo a boca(fralda, bico)

Reconhecimento: a duração, intensidade ou os componentes do esquema motor reflexo diversificam-se em função das características do estímulo; por isso dizemos que o individuo reconhece o objeto. Exemplo: diferenciar o-chupável-que-alimenta do o-chupável-que-não-alimenta.

Subestágio 2 (1-4 meses)

As primeiras adaptações adquiridas e a reação circular primária.

Formação das primeiras estruturas adquiridas: os hábitos. Exemplo: quando o bebê faz algo intencional que o agrada/atrai tenta repetir a ação;

Estas é uma reação circular primária porque, por um lado, o efeito inicial produziu-se de maneira fortuita e porque, por outro, as ações que a criança repete de modo rotineiro e invariável estão concentradas em seu próprio corpo. Começam a surgir as primeiras coordenações motoras como pressão-sucção , visão-audição

Contágio Condutual

O assimilador antecedente á assimilação: a criança só imita o adulto quando a conduta a ser imitada existe previamente no seu repertório. Exemplo: imitar um som que o adulto faça, que por sua vez imitou uma vocalização que a criança já produzia.

Subestágio 3 (4-8 meses)

A reação circular secundária

Reações circulares secundárias: A reação circular secundária envolve objetos externos; ex: casualmente o bebê alcança o móbile de seu berço; este movimento tende a ser repetido; o bebê começa a recuperar objetos escondidos.

Neste estágio a criança já interage com o meio, sua estrutura já não é mais só biológica, os novos esquemas são mais ricos e variados e possibilitam uma atividade mais liberada.

A assimilação generalizadora com os objetos é muito ativa, a criança explora com curiosidade aplicando esquemas conhecidos associados a efeitos que já é capaz de antecipar tais como: chupar sacudir e bater.

Coordenação de esquemas secundários:

A criança já é capaz de encontrar objetos escondidos; no subestágio anterior, o bebê descobre o objeto por acaso; agora, desde o inicio, existe um objetivo; o bebê demonstra originalidade e procura utilizar esquemas antigos; seria o que Piaget chama de “assimilação generalizadora”.

A assimilação recognitiva também está relacionada com êxitos posteriores, pois neste subestágio aparece o reconhecimento motor ela já associa um objeto ao movimento, ao sacudir o braço ela faz soar o chocalho. Agora a atenção e o interesse da criança deslocam-se até o resultado das suas ações, ela não faz mais só por fazer ,a criança é cada vez mais sensível as mudanças da realidade, fonte de desequilíbrio e novas acomodações.

Os avanços na conduta mostram a proximidade da atividade intencional, porém ainda não foi estabelecida a coordenação entre meios e fins.

O efeito produzido pela reação secundária acontece com repetições casuais e também acontece casualmente. A relação entre a conduta e a meta, por exemplo espernear para conseguir mexer com os pés um brinquedo pendurado.
No terceiro subestágio ,a criança imita somente a conduta visível em seu próprio corpo.A existência do objeto continua ligada as ações e percepções da criança ela só o procura se ele está parcialmente oculto, o espaço está restrito a ação momentânea pois nesta fase existe a ausência da conservação do objeto.

Subestágio 4 (8 – 12 meses)

Coordenação de Esquemas Secundários Aplicados a Relações Meios-Fins

Esquema Sucessão de ações que possuem uma organização de ações e que são sucessíveis de repetição em situações semelhantes. Ex:Sacudir um chocalho para faze-lo soar.

Relações Meios-Fins.

Um esquema media o êxito de uma meta associada a outro esquema. Ex: Agarrar um brinquedo, retirando um obstáculo que está entre a criança e o brinquedo.

Passagem ao subestágio 4

Aparecimento da intencionalidade.
Acentua-se a atenção que ocorre no meio.
Aparecimento das primeiras coordenações do tipo meios-fins.
As reações secundárias coordenam-se em função de uma meta não imediata.
Meios adequados para a consecução do objetivo proposto.

Esquemas do Subestágio 4

Procedem do repertório prévio da criança, havendo a coordenação intencional.
Sacudir um chocalho para produzir um som.
Os esquemas ainda não possuem a mobilidade necessária, a conduta se repete tipicamente como foi aprendida.
Encontrar um objeto que foi escondido, quando isso é feito diante dela.

Progressos nas habilidades de imitação aproximada.Entre chocar de mãos quando deve bater palmas.
Progressos nas habilidades de imitação análoga.Abrir e fechar as mãos quando deve abrir e fechar os olhos.
Possibilidade de imitar movimentos invisíveis.Mover os lábios.Tocar o nariz, a orelha.Mostrar a língua.
Coordenação dos esquemas de representação facilitando a compreensão de objetos e fatos.
Disposição de sair de casa quando lhe colocam determinada roupa.
Quando sua fralda é retirada sabe que irá tomar banho.
Esquemas de conhecimento têm progressos, como os relativos à captação do espaço.
Observação e provocação de deslocamentos de objetos.
Distinção das pessoas (6 – 8 meses)
Chorar quando algum estranho se aproxima sem que uma figura bem conhecida e protetora esteja presente.
Repetição de conduta tal como foi aprendida.

Subestágio 5 (12 – 18 meses)

Reações Circulares Terciárias

É o descobrimento de novas relações instrumentais como resultado de um processo de experimentação ajustada à novidade da situação.

A assimilação agora não é mera repetição pois na reação circular terciária o esquema sensório-motor está integrado por elementos móveis e variáveis em cada repetição, à medida que as condições da ação são modificadas.

A busca ativa de uma nova relação entre meios e fins inicia-se de modo intencional, mas é atingida normalmente de modo fortuito: quando um esquema prévio não é eficaz, a criança ensaia procedimentos aproximados até que o tateio leve à resposta correta.

A criança começa a usar meios novos para atingir seus objetivos e realiza verdadeiros atos de inteligência e de solução de problemas.

Aproxima um objeto puxando algo sobre o qual está situado, por exemplo uma manta ou uma almofada.
A conduta do barbante é semelhante e consiste em atrair um objeto puxando o prolongamento do mesmo que pode ser um barbante;
A conduta do bastão consiste em usar um bastão ou um pau para alcançar um objeto afastado.
Puxar um lençol sobre o qual está de pé até compreender que precisa sair de cima para poder pegá-lo.
Tentar passar um boneco horizontalmente através das grades verticais do parque até entender que precisa fazê-lo girar para conseguir fazê-lo passar.
A criança descobre o uso correto do ancinho como instrumento para aproximar objetos, brinca aproximando-os e afastando-os alternadamente.

Desaparece o erro de subestágio 4

já que o esquema de busca prévio não é eficaz, a criança ensaia outros procedimentos, até obter o resultado desejado.Ex:quando a bola desaparece sob a mesa, nós buscamos ali e não embaixo do sofá.

Erro de transposição no estágio V

A criança não consegue ainda enfrentar os deslocamentos invisíveis do objeto.
A criança é incapaz de inferir que, se o objeto não está na mão do experimentador, deve estar embaixo do lenço.
Ainda pesam muito as evidências perceptivas diretas; por isso a elaboração da permanência do objeto ainda é vista com dificuldade quando ocorrem deslocamentos dos objetos com trajetórias ocultas para a criança.
A experimentação e o ensaio permitem à criança incorporar a seu repertório imitativo novos esquemas

Subestágio 6 (18 – 24 meses)

Invenção de novas combinações de esquemas a partir de suas representações.

Caracteriza-se pelo aparecimento da representação e, então, os problemas podem começar a ser resolvidos no plano simbólico e não mais puramente prático.

Esquemas ® ações suscetíveis de ser realizadas com ou sobre os objetos que compartilham alguma propriedade ( por exemplo agarrar objetos de certo tamanho, pode-se girar objetos redondos ou cilíndricos) assim, os esquemas assimilam os objetos.

Os esquemas de ação proporcionam o primeiro conhecimento sensório-motor dos objetos como são sob o ponto de vista perceptivo; e o que pode ser feito com eles no plano motor.

Através da ação dos esquemas, a criança vai elaborando o seu conhecimento dos próprios objetos e das relações espaciais e causais que colocam em contato certos objetos e acontecimentos com outros.

O sujeito já não resolve, então, os problemas por tateios, mas parece fazer uma reflexão prévia.

A criança tentar subir num banquinho, mas, ao apoiar-se nele, ele se desloca. Em um momento determinado, a criança se detém na sua ação, parece refletir, pega o banquinho e o apóia na parede, evitando, assim, seu deslocamento e , a seguir, sob novamente.

A aquisição da linguagem mudará as relações da criança.

Com o seu aparecimento entramos em uma nova etapa representativa, que abrirá novas perspectivas para o seu desenvolvimento intelectual.

As novas habilidades são exercitadas em ações predominantemente assimilatórias, tais como jogo simbólico, baseado na aceitação do “como se”. Ex:Brincar com uma caixa “como se” fosse um carro.

ORIGEM DA FUNÇÃO SIMBÓLICA

Evolução da inteligência sensório-motora.

Os símbolos originam-se da ação tanto como significantes;quanto como significados.

SIGNIFICANTES

Procedem predominantemente da imitação, são dados por práticas sociais das quais o indivíduo se apropria através da imitação:diferida ou internalizada (manejo de imagens mentais).

SIGNIFICADOS

Tem seu valor como elementos de assimilação.

Dar significado ou compreender um objeto é assimilá-lo aos esquemas disponíveis.

Significantes e significados

Diferenciam-se, facilitam-se mutuamente, enriquecem-se e coordenam-se no desenvolvimento sensório-motor do mesmo modo que o fazem as funções de assimilação e acomodação.

A experimentação e o ensaio permitem à criança incorporar a seu repertório imitativo novos esquemas.

A inteligência sensório-motora depois de Piaget

A descrição da fase sensório motora de Piaget foi feita com a observação de seus três filhos, então outras pessoas quiseram pesquisar se este processo ocorre igualmente em populações diferentes. E foi constatado que Piaget tinha razão, embora algumas diferenças cronológicas foram constatadas, mas por causa da estimulação, do meio e da forma como as crianças eram criadas.

Após muitas pesquisas os psicólogos descobriram a capacidade dos bebês nas primeiras semanas de vida demonstrando uma conduta mais precoce do que Piaget supunha. A coordenação intersensorial aparece desde os primeiros dias de vida e a conservação do objeto ocorre antes do que Piaget supunha, principalmente se o objeto é algo significativo para a criança. O que Piaget interpretou em função da competência cognitiva foi interpretado posteriormente em função da execução motora. Piaget dizia que crianças não procuram o objeto, pois não tem uma representação do mesmo, enquanto outros autores dizem que a criança não tem é a habilidade motora para pegar o objeto,ex:bebês de nove meses levantam um obstáculo para buscar um objeto escondido sob.E um de 5 meses não o faz,mas é porque os de 9 já desenvolveram uma habilidade motora para tal.

Na função simbólica os estudos de Piaget fecham com os novos dados coletados,a construção da função simbólica é a elaboração do conhecimento sobre a realidade e os dois aspectos principais são: a representação e a comunicação.Os símbolos são instrumentos criados a serviço da relação interpessoal e a permanência do objeto adianta-se quando o objeto é uma pessoa relacionada a criança.O final deste estagio é paralelo a existência de ajustes entre mãe e filho a comunicação pré lingüística e a aquisição da linguagem.

Glossário de termos piagetianos:
– Abertura:
realização das possibilidades operativas de uma estrutura de comportamento (verbal, motora e mental).

– Acomodação:
reestruturação dos esquemas de assimilação. O novo conhecimento representa a acomodação.

– Adaptação:
movimento de equilíbrio contínuo entre a assimilação e a acomodação. O indivíduo modifica o meio e é também modificado por ele.

– Animismo:
concepção de objetos inanimados com vida ou intencionalidade. Por exemplo: quando a criança diz que “o carro do papai foi dormir na garagem”.

– Aprendizagem:
modificação da experiência resultante do comportamento.
No sentido restrito (específico) aprender que alguma coisa se chama “lua”, “macaco”.
No sentido amplo “aprender a estruturar todos os objetos no universo em sistemas hierárquicos de classificação” (Kamii, 1991: 22). É desenvolvimento.

– Assimilação:
incorporação da realidade aos esquemas de ação do indivíduo ou o processo em que o indivíduo transforma o meio para satisfação de suas necessidades. O conhecido (conhecimento anterior) representa a assimilação. Só há aprendizagem quando os esquemas de assimilação sofrem acomodação. Assimilação e acomodação são processos indissociáveis e complementares.

– Auto-regulação:
características que as estruturas tem de se ordenarem e organizarem a si mesmas.

– Causalidade:
interação entre objetos.
Como vínculo causal – é afirmar a relação entre antecedente e conseqüente como necessária (dado A . B é inevitável, não pode deixar de ser).
Como uma espécie particular de síntese, constituindo no fato de que a alguma coisa A, outra coisa completamente diferente, B, liga-se seguindo uma regra (no sentido lógico-matemático).

– Centração:
fixação da atenção em um só aspecto da totalidade, isto é, do objeto ou da situação (Ramozzi-Chiarottino, 1988: 37-43).

– Cibernética:
a ciência e a arte da auto-regulação.

– Condutismo, culturalismo ou behaviorismo:
teoria psicológica que sustenta que o desenvolvimento do comportamento humano é determinado pelas condições do meio em que o organismo está inserido. Esta teoria valoriza o meio ou a aprendizagem por condicionamento;

– Conservação:
uma invariante que permite a formação de novas estruturas.
“A invariância é a conservação. A estrutura é apenas um patamar: o funcionamento levará à formação de novas estruturas” (Lima, 1980: 56)
Pode ser observada na área:
Lógico-matemática: conservação dos números, etc.
Físicas: Substância, peso, volume, etc.
Espaciais: Medida, área, etc.

– Construtivismo:
o desenvolvimento da inteligência é como se fosse uma construção realizada pelo indivíduo.
“refere-se ao processo pelo qual o indivíduo desenvolve sua própria inteligência adaptativa e seu próprio conhecimento” (Kamii, 1991: 21).
“um construtivismo, com a elaboração contínua de operações e de novas estruturas. O problema consiste, pois, em compreender como se efetuam tais criações e por que, ainda que resultem construções não-pré-determinadas, elas podem acabar por se tornarem lógicamente necessárias” (Piaget apud Piattelli-Palmarini, 1983: 39).
… “é de natureza construtivista, isto é, sem pré-formação exógena (empirismo) ou endógena (inatismo) por contínuas ultrapassagens das elaborações sucessivas, o que do ponto de vista pedagógico leva incontestavelmente a dar ênfase nas atividades que favoreçam a espontaneidade na criança” (Piaget, 1908)

– Construtivismo seqüencial:
o desenvolvimento da inteligência faz-se por complexidade crescente, onde um estágio (nível) é resultante de outro anterior.

– Desequilíbrio:
é a ruptura do estado de equilíbrio do organismo e provoca a busca no sentido de condutas mais adaptadas ou adaptativas. Assim, educar seria propiciar situações (atividades) adequadas aos estágios de desenvolvimento, como também, provocadoras de conflito cognitivo, para novas adaptações (atividades de assimilação e acomodação). O que vale também simplesmente dizer que educar é desequilibrar o organismo (indivíduo).

– Desenvolvimento:
é o processo que busca atingir formas de equilíbrio cada vez melhores ou, em outras palavras, é um processo de equilibração sucessiva que tende a uma forma final, ou seja, a aquisição do pensamento operatório formal. Pode-se dizer ainda que é a construção de estruturas ou estratégias de comportamento. Gira em torno da atividade do organismo que pode ser motora, verbal e mental. É a evolução do indivíduo.

– Dinâmica de grupo:
“A expressão ‘dinâmica de grupo’ refere-se a vários tipos de atividades exercidas por treinadores sobre grupos humanos” (Lima, 1980: 73).

– Epistemologia:
(epistemo = conhecimento; e logia = estudo) estudo do conhecimento.

– Epistemologia genética:
estudo de como se passa de um conhecimento para outro conhecimento superior.

– Equilibração:
concepção global do processo de desenvolvimento e de seus resultados estruturais sucessivos. O processo de equilibração define as regras de transição que dirigem o movimento de um estágio a outro dentro do desenvolvimento (Azenha, 1993). Ou refere-se ao processo regulador interno de diferenciação e coordenação que tende sempre para uma melhor adaptação (Kamii, 1991: 30).

– Equilibração majorante:
mecanismo de evolução ou desenvolvimento do organismo. É o aumento do conhecimento.

– Esquema:
modelo de atividade que o organismo utiliza para incorporar o meio.

– Estágios:
patamares de desenvolvimento que se dá por sucessão.

– Estrutura:
um conjunto de elementos que se relacionam entre si. A modificação de um gera a modificação do outro. Ou ainda, “é um conjunto de elementos relacionados entre si de tal forma que não se podem definir ou caracterizar os elementos independentemente destas relações” (Ramozzi-Chiarottino, 1988: 13).

– Evolução:
processo de organização em níveis progressivamente superiores.

– Experiência:
contato do organismo com a realidade ou a interação do sujeito com o objeto.

– Função semiótica:
capacidade que o indivíduo tem de gerar imagens mentais de objetos ou ações.
“A função semiótica começa pela manipulação imitativa do objeto e prossegue na imitação interior ou diferida (imagem mental), na ausência do objeto. É a função semiótica que permite o pensamento”. (Lima, 1980: 102)

– Funcionamento:
capacidade que o organismo tem de adquirir determinada ordem na maneira de agir.

– Imagem mental:
é um produto da interiorização dos atos de inteligência. Constitui num decalque, não do prórpio objeto, mas das acomodações próprias da ação que incidem sobre o objeto. Cópia do objeto realizada através do sensório-motor. É a imagem criada na mente de um objeto ou ação distante.

– Inatismo:
teoria psicológica que sustenta que o desenvolvimento do comportamento humano dá-se a partir de condições internas do próprio organismo, como se este já trouxesse dentro de si as possibilidades de seu desenvolvimento. Esta teoria valoriza a maturação do organismo;

– Inovação:
reorganização em nível superior.

– Inteligência:
capacidade de adaptação do organismo a uma situação nova.
Ou, “a inteligência é uma adaptação” (Piaget, 1982).
Ou, “dizer que a inteligência é um caso particular da adaptação biológica é, pois, supor que ela é essencialmente uma organização e que sua função é a de estruturar o universo como o organismo estrutura o meio imediato” (Piaget, 1982).

– Interacionismo:
teoria psicológica que sustenta que o desenvolvimento do comportamento humano é uma construção resultante da relação do organismo com o meio em que está inserido. Esta teoria valoriza igualmente o organismo e o meio.

– Interesse:
sintoma da necessidade.

– Intuição:
é uma representação construída por meio de percepções interiorizadas e fixas e não chega ainda ao nível da operação. Ou, é um pensamento imaginado… incide sobre as configurações de conjunto e não mais sobre simples coleções sincréticas simbolizados por exemplares tipos.

– Jogo simbólico:
reprodução de situações já vividas pelo indivíduo através de imagens mentais.
(no jogo simbólico) “a representação é nítida e o significante diferenciado pode ser um gesto imitativo, porém acompanhado de objetos que vão se tornando simbólicos” (Piaget, Inhelder, 1989: 48).

– Liberdade:
estado de pleno funcionamento do organismo.

– Liderança:
permissão dada pelo grupo para que cada um de seus componentes utilize suas aptidões para comandar este grupo, quando a situação exigir, e ele seja o mais indicado para tal situação.

– Logicização:
processo de transformar o pensamento simbólico e intuitivo em pensamento operatório.

– Microssociologia:
área de estudo das relações de interação, de um indivíduo com os outros.

– Motivação:
sentimento de uma necessidade.

– Necessidade:
desequilíbrio na organização interna do organismo.

– Nominalismo:
“convicção de que os nomes (palavras) estão ligados, essencialmente, às coisas (pensamento pré-lógico)” (Lima, 1980: 134).

– Operação:
“ação interiorizada que alcançou as características do ‘grupo’ matemático (reversibilidade, associatividade, idfentidade, tautologia, etc.), devendo-se notar que o nível operatório é alcançado mediante reconstruções sucessivas de complexidade crescente (equilibração majorante)” (Lima, 1980: 151).
“As operações (…) são as ações escolhidas entre as mais gerais (…) interiorizáveis e reversíveis. Nunca isoladas, porém coordenáveis em sistemas de conjunto. Também não são próprias deste ou daquele indivíduo, são comuns a todos os indivíduos do mesmo nível mental e intervém não apenas nos raciocínios privados, senão também nas trocas cognitivas, visto que estas constituem ainda em reunir informações, colocá-las em relação ou correspondência, introduzir reciprocidade, o que volta a construir operações isomorfas às das que se serve cada indivíduo para si mesmo” (Piaget, Inhelder, 1989: 82).

– Pensamento:
interiorização da ação.

– Permanência do objeto:
quando o indivíduo pode conceber o objeto mesmo estando fora de seu alcance de visão.

– Psicologia genética:
estudo dos problemas psicológicos do ponto de vista do conhecimento.

– Reação circular:
ação qualquer que a criança executa por acaso provocando uma satisfação e, por isso, reproduz esta mesma ação.

– Realismo:
explicação que afirma a relação necessária entre o pensamento e a realidade.

– Reversibilidade:
quando a operação deixa de ter um sentido unidirecional. A reversibilidade seria a capacidade de voltar, de retorno ao ponto de partida. Aparece portanto como uma propriedade das ações do sujeito, possível de se exercerem em pensamento ou interiormente.
Lembramos que as operações nunca têm um sentido unidirecional; são reversíveis.

– Revolução:
salto de uma estrutura para outra.

– Revolução copernicana do eu:
no desenvolvimento mental da criança o eu deixa de ser o centro referencial da ação e do pensamento para colocar-se como um indivíduo entre os demais.

– Socialização:
a combinação de indivíduos para formarem estruturas sociais ou um fenômeno de combinação de novas formas de relações individuais.

– Transformação:
processo pelo qual as estruturas se constroem a partir dos elementos que as constituem.

Referências:

KAMII, Constance, DEVRIES, Retha. Piaget para a educação pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 101 p.

LIMA, Lauro de Oliveira. Conceitos fundamentais de Piaget: (vocabulário). Rio de Janeiro: MOBRAL, 1980. 179 p.

PIAGET, Jean, INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. 135 p.

PIATTELLI-PALMARINI, Massimo (org). Teorias da linguagem, teorias da aprendizagem: o debate entre Jean Piaget e Noam Chomsky. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1983.

RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zelia. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São Paulo: EPU. 1988. 87 p.

Referências Bibliográficas:

Alegre. Artes Médicas. 1998
Mora Joaquim e Jesus Palácios . Inteligente Sensório-Motor
http:// www. Rio.rj. Gov.br/multirio/cime/dapiaget.html
NICOLAU Marieta Lúcia Machado. A educação pré-escolar. Ed. Ática, 1987